Tuesday, June 26, 2007

passaram 6 meses





Passaram 6 meses desde que foste embora daqui. Passaram 6 meses sem ti e eu não sei o que foi que fiz ou deixei de fazer, só sei que tudo mudou, a vida não é nem será igual à que tinha quando era tua filha. Passaram 6 meses, choveu, fez frio, aqueceu e voltou a chover, tudo mudou, tudo revolveu, tudo aconteceu sem ti aqui. E aconteceu mesmo tudo... Desde que foste tudo aconteceu, o Mundo não parou nem perdoou, o Mundo mostrou-se cruel, esquecido e implacável. Os abraços cessaram, as chamadas também, já sou só lembrança na memória de alguém, alguém que não é como tu (e quem é?), alguém... "alguens", os "outros", que cedo esqueceram o que TU sempre foste (e és para mim). Eu não te esqueço, nem à minha dor, que é minha, é quente, poderosa e intensa... e faz-me recordar o quão viva estou e quanta revolta sinto contra Quem te levou sem prestar contas comigo, Quem te levou e não me pediu perdão, nem a ti, nem se lembrou que faltarias à minha vida e à da menina, que te privaria de nos ver crescer, ser felizes talvez e que nos privaria a nós do teu amor e carinho, da tua paixão e ternura. Quem te levou foi O mais cruel ser e o perdão está longe de chegar. Mas sinto-me viva, mãe. Estou viva, sim ou não sentiria esta dor nem estas lágrimas correriam em fio pelo meu rosto. E como dizia a outra: "a dor é minha só, não é de mais ninguém.. a dor é minha, a dor é de quem tem.... é o meu trofeu, é o que restou, é o que me aquece sem me dar calor. Se eu não tenho o meu amor, eu tenho a minha dor...".

Monday, June 18, 2007

Com quem falo?

Pois é, mãe... e com quem falo agora? Com quem vou partilhar o que sinto, sem revelar quem sou, a minha fragilidade e esperança. Com quem vou ficar em segurança, sendo eu própria, sem temer ser julgada nem injustiçada? Com que vou falar quando pego no telefone e só me lembro de ti? Com quem, mãe? Com quem? Com quem falo sem falar? Com quem falo sem sorrir? Com quem falo sem filtrar o que posso ou não dizer? Com quem falo do que se passa na minha cabeça, no meu coração, no meu espírito que voltou a voar? Com quem falo de quem quero ser? Com quem falo de quem já sou? De quem eu fui? COm quem falo de nós? Com quem falo de toda a espiral de emoções que se revolve em mim sem sair nem acalmar? Com que é que eu posso falar, mãe?