Friday, December 23, 2011

Estou a ser levada na corrente

e tudo continua sem sentido. Quero voltar ao meu quarto escuro onde falo contigo. A azáfama dá-me nauseas e faz-me querer gritar até sangrar.

Monday, October 24, 2011

Um dia terei um castelo

Enviado por um amigo:

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.


Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...
(Fernando Pessoa)

 
Obrigada Manny!!

Saturday, September 3, 2011

Friday, August 26, 2011

O descanso do avô

Aos 85 anos que viveste como senhor de ti e de todos nós. Foste em paz, senti-te ir. Beijo meu pai duas vezes, da tua netinha.

Friday, August 5, 2011

Ser nada

Ser nada além disto, ser nada. Ser apenas isto que se vê. Ser um ser, ser ninguém, ser nada para alguém. Não ser o mundo de ninguém, chegar a não ser sequer um ser. Fui o teu mundo tanto tempo, até te partilhar com o meu pequeno mundo-menina e agora não sou nada além disto.

Não me basta ser mãe, já sei. Não me basta fazer a diferença para alguém, para vidas anónimas em trajectos cruzados comigo. Não consigo fazer a diferença por mim nem há quem o faça. Não me basta ser o que restou de mim. Já tentei, oh se tentei. Já tentei ,inclusivé, ser feliz, depois fingir que era feliz para te fazer feliz e depois e depois e depois... blá, blá, blá, nunca fui feliz.

Insatisfeita, iludida com a minha própria indiferença, não sou quem fui, não cheguei a ser quem quis, falhei por completo o projecto de mim. Tento respirar compassadamente iludindo todos, fazendo-os crer que estou viva. Tenho de manter a farsa até ao fim. Não posso perder o controlo, tenho de proteger o meu tesouro.

E quando o mais desejado é este quarto escuro, onde passo anos afim, nada além disto resta para dizer. Quero ficar no escuro, já faz parte de mim. Quero sonhar e sonho até bastante, sonho com a vida, sonho com os sonhos, sonho com pessoas, luxúria, desejos, ternura e alegrias. Sonho com o que julgava que merecia. Sonho contigo também. Ou será que és tu que estás a sonhar comigo? Sonho tanto contigo, sonho que estás casualmente comigo, como sempre estiveste. Ainda aí estás, mãe, ou já estás farta de mim?

Vou ficar neste quarto escuro, janela fechada, silêncio. Deitar-me e respirar suavamente, desejar que o dia tarde a chegar. Estou bem assim, a sentir cada segundo passar, tic-tac tic-tac. Menos 2 tics e menos 2 tacs até ao fim. E, como sou horrivelmente egoísta, gostaria de sentir o corpinho de 7 anos contra mim e acertar as minhas inspirações com as dela, tic-tac até ao fim.

É minha, mas não me pertence a mim, deixo-a livre e fico assim (tic-tac) sozinha (tic-tac) neste quarto escuro (tic-tac) esperando a vida (tic-tac) ou até a morte, enfim.

Sunday, July 24, 2011

Inícios, fins, meios e recomeços

Tudo gira, tudo cicla, tudo muda, excepto eu. Fiquei fixa, fiquei muda, fiquei vazia de vontades expressas. Fiquei triste, fiquei sua, fiquei seca entre flores silvestres. Poderão brotar flores de placas de zinco ou será fruto da imaginação d'alguém? Poderá brotar em mim a força ou será exigir demais? Exigir-me acreditar, lutar e arriscar perder. Arriscar o que já não tenho, perder o que não tive. Serei ainda pessoa? Serei ainda eu? O eu que fui, a garota que acreditou? Morri também, contigo, sou como tu, uma memória.
Antes tudo era possível, tinha uma plataforma (tu) e facilmente equilibrava sobre a cabeça o meu cristal precioso (a menina). Agora, movo-me em areias movediças, em terreno falso. Com quem conto realmente? A quem confio a integridade do meu cristal? NINGUÉM! Ninguém, e o peso do Mundo recai sobre mim. Sei que pouco valho, mas sou tudo o que ela tem e como tal, tenho de lhe valer. Deixei de ser "a" cuidada, para ser a cuidadora, deixei de ser a menina para ser a mãe. Deixei de ser minha para ser dela e de ser tua para ser de ninguém.
Inícios, fins, meios e fins... O que sei eu? Os fins, conheço-os bem; não percebo nada de recomeços, ansiei inícios e detestei meios. Sobre os fins posso eu falar, tudo me tem acabado sem ter antes começado.

Tuesday, July 12, 2011

cansada

É nos momentos de perfeita exaustão física e psíquica que regresso a mim e me deixo sentir a mim mesma. Nestes momentos, que são muitos e ,simultaneamente desejados e repudiados, lembro-me de que também sou pessoa. Momentos em que reparo que ando a marcar passo, vazia de sentido, esperando apenas a minha vez de dar por terminada a minha tarefa. E não fosse estar tão viva esta recordação, de que não tenho ainda tudo feito, ficaria até mais tranquila por poder apenas contar minutos e segundos. Rodeia-me a responsabilidade de proteger esta menina, de fazê-la forte e diferente de mim. Uma responsabilidade que me tem feito sobreviver sem sacríficio, uma responsabilidade que me mantem neste teatro que é a vida.
Cada vez mais me familiarizo com corpos sem alma, afinal há muitos mais como eu, andamos por cá mas estamos perdidos. Entrámos num elevador que nunca mais chega ao piso e vamos ouvindo a música de fundo e lançando frases para preencher o silêncio e não se tornar desconfortável a interminável viagem de passagem.
De facto, já não vale a pena tentar mais, afinal é mesmo só isto, o elevador sobe sobe mas já ninguém sequer olha para o raio dos números. Onde vamos? Quantos milhões de pisos já passámos? Who cares?

Prefiro ser cínica a correr mais riscos, ser egoísta a ser tola. Tolos são os que acreditam na fantochada que nos cercou nos anos da inocência, quando nos disseram que tudo era possível. Fico assim, cínica e egoísta, mas sem a possibilidade de piorar.
A viagem vai no entanto sendo pontuada de momentos, como este, como outro recente e uns poucos mais antigos, em que vem à tona o raio da alma e não a consigo expulsar por dias a fio. Atormenta-me e chora por mim, pela minha carcaça. São momentos de exaustão, de loucura temporária, já vai passar... dá-me um beijo e um abraço, mãe! Diz que vai passar!
Momentos, momentos... momentos em que deixo o meu coração sangrar pousado no colo de amigos, atrofiado e escuro mas, sangrante e explosivo fica aberto, despojado aos olhos de quem não partilha o meu nome, apenas a minha alma. Alma essa que escancarada me mostra frágil e pequena, cheia de ódios e raivas, cheia de amor e paixão, cheia de sentimentos e angústias, cheia de sentido... cheia, cheia mas sem ter absolutamente nada. Cheia de porquês, cheia de ressentimentos, cada vez mais sozinha e cada vez desejando estar mais afastada e esquecer do que já quis ser, ter e fazer. Dou graças a quem foi surgindo e ficando, vendo-me a subir e descer nesta interminável viagem de elevador. Dou graça às interrupções do correr sincopado dos dias... dou graça mas quero voltar ao tranquilo vazio, se faz favor. Já chega!

Thursday, May 19, 2011

Já o disse antes e repito

O fim de uma coisa má é a possibilidade do início de uma coisa boa!

Thursday, April 28, 2011

Hoje é o teu dia!



E eu encontrei-te numa velha foto, linda como sempre, sem ter a mínima noção, única como sempre, fazendo parte da multidão. Amo-te, mãe!

Sunday, March 13, 2011

Leonard Cohen - A Thousand kisses deep

Espero... não!

Foi a promessa de vida que não aconteceu, a família que não foi, a velhice que não se deu.
É um passar de tempo sem sentido, vagueando pelo mundo em tempo perdido.
O amor que conheço é apenas o teu.

Ficou tudo por viver, tudo o que é bom ficou por viver. Foi fantasia idealizada por tanto se querer.

E assim, mãe, mantenho-me tua, da menina e pouco minha. Espero o tempo passar, com a calma de quem sabe nada mais esperar.

Saturday, January 29, 2011

Beijo, bacaninho!

... saudades da tua tagarelice sem fim que deixou em substituição o silêncio do teu amor.