Saturday, September 29, 2007

Alguma coisa mudou, algo aconteceu...


O que foi que aconteceu? O que foi que mudou em mim? O que foi que provocou em mim a tua partida que me sinto não só perdida mas, como nunca encontrei-me a mim e só em mim confio. Alguma coisa aconteceu, algo mudou cá dentro, não consigo viver de frivolidades, de pessoas pequenas e simples, de prazeres mundanos e tristes. O que aconteceu? Porque é que procuro a grandiosidade? Porque é que deixaste em mim a fome de queres ser mais, fazer mais, ser tão melhor que me sinto numa inquietação tremenda? Porque é que nunca estou satisfeita com nada? Porque é que vivo de planos que me tornam tão diferente... tão dura? Porque é que agora só o horizonte parece ser satisfatório estando tão longe? Porque é que me parece nos tempos de acalmia que sem ti nunca mais estarei em paz e sempre procurarei mais e melhor, unicamente porque tenho algo que não está a ser preenchido nem o será. Apetece-me saltar para a frente com a menina nos braços e deixar a "tua menina" para trás. Para quê ser a tua menina se cá não estás? Para quê ser quem era se não me vais abraçar nem acolher? Para quê ser eu se eu sofro? Para quê cá ficar se sinto a tua falta em cada canto que visito? Para quê? Para quê? Porquê? Porquê? Quero partir, quero começar de novo, quero sentir que sou um pouco mais de ti e muito menos de mim... que sou mulher e mãe e não uma menina, que sou forte e robusta em vez de franzina. Quero ser mais e tenho de o ser uma vez que já não te tenho aqui e o tempo não parou para mim, nem está a abrandar.

Friday, September 7, 2007

Angústia


Angústia... chega-me a angústia sem avisar. A angústia de já não poder ser menina da minha mãe, a angústia de não poder fugir para ti, a angústia de não te poder ouvir, a angústia de poder entrar em tua casa e não te cheirar, a angústia de não saber explicar porque é que isto nos aconteceu, a angústia de alguém de 3 anos fingir que vais voltar, a angústia de não poder chorar. Mas a maior angústia é a de te sentir sozinha, de não te poder abraçar e dizer que eu ainda te amo e sempre amarei, que nunca serás traída pelo meu amor de filha, que o teu lugar ficará sempre por ser preenchido, que passados estes 8 meses sinto vontade de te confortar a ti que foste quem afinal perdeu... perdeste a possibilidade de te teres a ti. Chega-me a angústia de ir a tua casa... que casa?! O que é aquele espaço sem ti?! O que é que posso fazer por ali?! Mas ainda assim queria ver-te por lá, só tu, ninguém naquele que é o teu lugar. Ai, que angústia, que angústia de poderes sentir-te abandonada, que angústia de poderes julgar alguma gargalhada como falta ou sequer diminuição de saudade. Que angústia, que angústia de te sentires como o teu corpo, longe de nós sozinha e entre estranhos... tão só, tão uniformizada, tão triste, tão despersonalizada, tão diferente de ti que sempre foste cenário para quem nunca te quis ver... os cegos que nunca te conseguiriam alcançar. Que angústia de te sentires substituída, usada e humilhada tão cedo depois de teres partido. Ai, mãe, que angústia que sinto.