Angústia... chega-me a angústia sem avisar. A angústia de já não poder ser menina da minha mãe, a angústia de não poder fugir para ti, a angústia de não te poder ouvir, a angústia de poder entrar em tua casa e não te cheirar, a angústia de não saber explicar porque é que isto nos aconteceu, a angústia de alguém de 3 anos fingir que vais voltar, a angústia de não poder chorar. Mas a maior angústia é a de te sentir sozinha, de não te poder abraçar e dizer que eu ainda te amo e sempre amarei, que nunca serás traída pelo meu amor de filha, que o teu lugar ficará sempre por ser preenchido, que passados estes 8 meses sinto vontade de te confortar a ti que foste quem afinal perdeu... perdeste a possibilidade de te teres a ti. Chega-me a angústia de ir a tua casa... que casa?! O que é aquele espaço sem ti?! O que é que posso fazer por ali?! Mas ainda assim queria ver-te por lá, só tu, ninguém naquele que é o teu lugar. Ai, que angústia, que angústia de poderes sentir-te abandonada, que angústia de poderes julgar alguma gargalhada como falta ou sequer diminuição de saudade. Que angústia, que angústia de te sentires como o teu corpo, longe de nós sozinha e entre estranhos... tão só, tão uniformizada, tão triste, tão despersonalizada, tão diferente de ti que sempre foste cenário para quem nunca te quis ver... os cegos que nunca te conseguiriam alcançar. Que angústia de te sentires substituída, usada e humilhada tão cedo depois de teres partido. Ai, mãe, que angústia que sinto.
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