Friday, November 30, 2007
Vou chorar
Hoje vou permitir-me chorar. Vou escolher um canto frio e escuro e vou permitir-me afundar nesta tristeza e solidão em que tudo se tornou. Vou aquecer-me nestas lágrimas e lembrar-me uma vez mais de ti, de te ver sorrir e do calor que sentia sempre que me aproximava do teu corpo, sentindo já a tua alma. Hoje vou permitir-me chorar, vou fazê-lo com gosto, vou gozar este pranto que me humaniza de novo e faz perder a carapaça que arrasto comigo. Vou chorar, sim, vou mesmo, vou chorar e gritar para dentro esta angústia de finalmente acreditar que não mais te vou ver. Sim, vou chorar, vou chorar com fervor, vou perder a compostura de quem quer ter o poder de controlar o incontrolável, o decorrer de uma vida que se sente estar a perder. Vou ficar aqui fechada na minha dor, nesta casa sem calor, neste canto onde nada me toca a não ser a loucura de saber-me para sempre perdida, sem um abraço nem amor. Vou chorar os dias que desperdiço, que não vivo nem sinto, os dias que correm tão secamente que já nem os conto. Vou chorar tudo o que me apetece e ninguém cá vai estar para sequer me ouvir.
Saturday, November 10, 2007
o peso do Mundo
Ando com o peso do Mundo aos ombros, não tenho quem o reparta comigo agora. Há muito tempo que o carrego mas agora sinto-o em cada célula do meu corpo. Ando com o peso do meu Mundo aos ombros e com a menina pela mão, a que olha para mim como se fosse super-mulher e segue a meu lado acrescendo o peso mas aliviando a dôr. Receio não a conseguir iludir o suficiente e deixá-la por vezes receosa de que o peso recaia sobre nós. Não finjo o suficiente e é ela quem mais testemunha os meus momentos de fraqueza. Este peso que assenta sobre os meus ombros sempre cá esteve mas foi temporariamente suprimido pela tua força, pelos teus ombros, pela segurança com que vias o meu futuro. Não há certezas agora, não há certezas em relação a nada, o que era incerto mantém-se e o que era certo já não o é. Certa estou de que enquanto viva carregarei este peso sobre os ombros e só mesmo o tempo o poderá aliviar.
Subscribe to:
Posts (Atom)