Wednesday, July 8, 2009

A menina quer ser astronauta...

... e finalmente descobri porquê.
Aos 2 anos, empertigada e senhora do seu nariz ela queria ser bombeira. Fantasia, pensei eu. Pouco antes de fazer os 3 aninhos pensou em ser médica e assim mo disse. Perguntei: - Mas já não queres ser bombeira? Ao que me respondeu: - Quero ser bombeira mas também médica! Fantasia, pensei eu.
E durante um ano assim foi. Perto dos 4, contou-me espontaneamente: - Eu quero ser é astronauta, ir para o espaço, sair da nave e voar. Inquiri: - Mas não tens medo, amor? Disse-me que não, que se viessem extra-terrestres entraria na nave e viria logo para casa, que faria equipa com a melhor amiga e voariam pelo espaço. Convidou-me a fazer parte da tripulação, tranquilizando-me com a sabedoria da equipa e por não corrermos qualquer perigo se nos mantivéssemos juntas. Ficou irritada quando lhe disse que teria medo de voar e que preferia ficar em casa. Disse-me que tinha de vencer o medo, que ela me protegia e me traria logo para a Terra se surgisse algum problema. Que irritada ficou! Pensei, mais uma fantasia e a teimosia de sempre. Mas manteve-se astronauta, viajante do espaço, firme na sua decisão. Dizia que tinha de estudar para conseguir, que tinha de saber conduzir a nave e o que faziam os botões da mesma. Continuava eu a pensar, fantasia de menina. E, de vez em quando, afirmava que queria ser médica e astronauta. Mais médica para os outros que a escutavam e, mais astronauta para mim, a sós... queria tratar pessoas e voar no espaço. Chegou a dizer-me que o objectivo era conhecer novos mundos e descobrir os espanhóis! Hilariante fantasia de criança com imaginação fértil, pensava eu. Mas há uma semana explicou-me a sua rotina de astronauta. Explicou-me em casa dos meus avós, dos teus pais, qual era o plano final. Mais ainda, explicou porque razão eu deveria perder o medo de voar na nave com ela, e sair da nave no espaço para voarmos cá fora, sem gravidade. Então disse, por palavras que só ela sabe, que voaríamos no espaço e depois pararíamos a nave. A sua melhor amiga ficaria dentro a tratar de tudo enquanto nós as duas saímos para o espaço onde, sem peso, flutuávamos. Era então, nesse espaço, o Céu a seu ver, que encontraríamos a vóvo Nôno. Esticaríamos as mãos até a alcançarmos e depois abraçar-nos-íamos as três. Nessa altura entraríamos de novo na nave, não duas mas três e traríamos a vóvo de novo para a Terra. Simples, não é? Afinal de contas a tecnologia tem a resposta! Se o Céu é onde estás, porque não ir buscar-te em vez de esperarmos a nossa vez?

E este foi o momento em que ela para mim já era uma astronauta. Nada nela é acaso e eu estou longe de saber a profundidade do meu tesouro... mas vou tentando, encantada.

2 comments:

Unknown said...

Amiga,roubaste-me uma lágrima logo de manhã... Mas não uma lágrima de tristeza. Uma lágrima de comoção, de certeza de que, em todos os dias, há algo que nos deixa maravilhados com a sua beleza.

Unknown said...

A tua filha é, tal como tu, um enorme tesouro. Sou hoje uma pessoa melhor porque te conheci e porque és minha amiga. Adoro-vos