Monday, May 21, 2007

E se subitamente tu surgisses à minha frente?


Se subitamente surgisses à minha frente, tal como um sonho recorrente, surgisses assim como nada fosse à minha frente na rua, sorrindo como sempre, assim subitamente.

Não sei o que faria, só sei que te diria que te amo loucamente e que de hoje em diante nem por um instante te quero distante, quero-te sempre à minha frente.

Agarrava-se, beijava-te, abraçava-te e olhava-te com paixão nos teus olhos transparentes. Pedia-te que fosses sempre minha... sou eu, mãe, a tua pequenina. Sê minha eternamente, não me deixes de repente nem brinques mais com a minha mente.

Já chega mãezinha, estou aqui tão sozinha e tão rodeada de gente.

Se surgisses subitamente, pedir-te-ia perdão pelas lágrimas que derramaste por mim, perdão por não ter chorado o suficiente por ti... perdão por te ter deixado sozinha num mundo diferente, em que rodeada de gente ficaste sozinha sem mim.

Se surgisses de repente rodeava-te num abraço sem mim.


Amo-te tanto, mãe!

Wednesday, May 9, 2007

Há melhor que uma mãe?


Haverá melhor sensação que a de ser mãe? E de ser filha? Não me conseguiu abandonar este pensamento hoje... interrogo-me se alguma vez fui mais feliz do que no exacto momento em que vi a minha filha pela primeira vez num ecran de ecografia. As lágrimas correram o meu rosto espontanea, abrupta e abundantemente tal foi a sensação que me invadiu de orgulho, plenitude e preenchimento emocional. Foi inexplicável aquele momento em que me vi habitada pelo querer a quem ainda nem sentia, que era ainda o abstrato, o imaginado, era uma ideia ténue de uma criança sem forma nem voz, e naquele momento ali estava dançando para mim... parecia tão alegre, pulando, movendo-se agitadamente, nadando no meu ventre como se não houvesse nada melhor no Mundo. O segundo melhor momento foi senti-la mexer, como se me tocasse por dentro, como se fosse uma carícia breve e fugidia, uma brincadeira que fazia comigo surpreendendo-me a qualquer altura do dia e fazendo-me companhia nas noites longas. Nunca mais me senti sozinha enquanto a tive em mim, enquanto foi só minha, enquanto me pertenceu totalmente, enquanto se alimentou de mim e me respirou a mim.



E ser filha... ser filha foi uma doce lição de tão doce ter sido a mestre. Ser filha da minha mãe foi incrível agora que penso nisso. Não poderia ter sido melhor em nenhum aspecto excepto no pouco tempo que tive para o ser. Afinal, 30 anos na presença daquela onda de calor não foi suficiente para acreditar que o seu trabalho ficou feito... não ficou. Falta-me muito essa certeza de que eu afinal sou especial, como ela só me fazia crer. Esse calor abandonou-me, a voz sempre doce não ouço mais, aqueles bracinhos já não me envolvem num abraço apaziguador e aquele cheiro... como é que posso explicar o cheiro da minha mãe? Era tão único, um cheiro de mulher, de ninho, um cheiro intenso que sentia assim que abria a porta e talvez por isso tanto me custe ir a sua casa agora... já não tem cheiro e assim sinto-a vazia, gelada e dura. O cheiro da minha mãe era o odor dos deuses, a essência do amor, o perfume maternal da vida, era luz de Verão em dias de Inverno.



Não sei o que é melhor... ser mãe ou filha dessa que foi a minha mãe... sim, talvez isso.

Sunday, May 6, 2007

1º Dia da Mãe sem ti

Este é o primeiro Dia da Mãe em que só sou mãe e não filha. O primeiro em que só recebo sem dar, em que sou colo sem o ter, em que sou ninho sem saber voar.
A menina trouxe um poema e um espanta-espíritos que fez na escola. Não sei do que gosto mais, só sei que nada tenho para ti a não ser a minha recordação, o meu carinho, o meu amor, a minha saudade, a minha ternura, o meu abraço, a minha estrutura, a minha compaixão e a dôr que me acompanha sem fazer ruído.
Tenho de partilhar contigo o poema...


Só por isso, mãe

Mesmo que a noite esteja escura,
Só por isso,
Quero acender a minha estrela.

Mesmo que o mar esteja morto,
Só por isso,
Quero erguer a minha vela.

Mesmo que a vida esteja nua,
Só por isso,
Quero vestir-lhe o meu poema.

Só porque tu existes,
Vale a pena!

E agora diz-me lá, mãe, se depois de a minha filha me ter oferecido isto, a minha vida vale a pena sendo que tu já não existes.

Friday, May 4, 2007

Dá-me um abraço...

Dá-me um abraço! Um, só te peço um abraço apertado e demorado. Consigo sentir o teu cheiro, está impregnado em mim e não me deixa, é a minha sombra e aura, parece que mo ofereceste. Mas receio não sentir o teu calor, bem tento mas não consigo, estou fria e despida, pequena e entristecida desde que me deixaste assim. Preciso do teu abraço, tão doce e reconfortante, quero-o agora como dantes, quero-o imediatamente e até ao fim. Envolve-me nos teus braços, entre nós nenhum espaço, só amor nesse regaço que é o teu e só para mim. Não me negues o teu colo, sou tua menina pequenina, estou sozinha e sem rumo, sem destino assim sem ti, mãe. Quero tanto o teu abraço, enrolar-me no teu corpo, sentir-te forte e quente, doce e envolvente, minha mãe junto a mim.