Tuesday, July 24, 2007

Sabes?

Sabes o quanto tenho pensado em ti? Sabes o quanto me tem incomodado esta reunião familiar em que vou estar sem ti? Sabes que me parece que perdi o cordão umbilical que me unia a eles, os teus irmãos? Sabes que finjo ser tão grande e forte que impeço que me façam pequena e frágil? Sabes que quanto mais o tempo passa mais me apercebo de que tudo é irreversível e de quanto estou magoada com o destino? Sabes que sem ti aqui perdi grande parte do meu idealismo e que a forma como te perdi me fez perder o resto da ilusão do mesmo? Sabes que não estou a conseguir ser feliz? Sabes que a minha alegria passava por saber-te orgulhosa e que agora não tenho por que lutar? Sabes que fiquei sem vontade de ser a melhor? Sabes que penso todos os dias como fui privilegiada em ter-te a ti como mãe? Sabes que amo ainda mais a minha filha agora mas que sinto por ela uma pena infinita por não te ter a ti? Sabes que me angustia saber que sem mim ela não é ninguém e que, por ela, não posso morrer, ficar doente, enfraquecer, enlouquecer... descansar nem "deixar de ser", porque tu não estás aqui? Sabes o que me doi não poder ter um dia mais contigo para te dizer tudo o que não disse? Quem dera amar-te essas 24h de forma a que tivesses a certeza, minha mãe, que nunca te abandonei em pensamento, que a minha lealdade é eterna e que se o tempo voltasse atrás certamente permaneceria junto a ti as horas que te restavam viver, e continuaria a segurar-te a mão e a passar com os meus dedos pelo teu cabelo, beijando-te de tempos a tempos e olhando nos teus doces olhos castanhos. E então dizia-te: amo-te tanto, mãe! Vou ficar SEMPRE junto a ti, como tu estiveste SEMPRE junto a mim.

Perdoa-me, mãezinha! Eu não consegui prever...

Wednesday, July 18, 2007

Continuas comigo, mãe?


Não há dia em que não pense ou sinta saudades tuas. Sinto-me agora mais forte que antes mas muito pequenina. Ainda continuas comigo, mãe? Vês-me? Preocupas-te? Ainda olhas por mim? Podes rir-te e dizer "eu bem te dizia", podes inclusivé zangar-te comigo mas sinto falta da tua preocupação. Sinto falta de ter alguém a pensar em mim a todo o instante, alguém a quem confortar por simplesmente estar bem e segura. Faz-me falta sentir-me querida e acarinhada simplesmente por existir. Faz-me falta ouvir a tua voz a perguntar se estou bem e sentir que sim, agora que me perguntas, estou sim, só porque te ouvi e sei que me queres bem. Faz-me falta ver-te pequena mas enorme frente a mim com a determinação de uma leoa defendendo a cria e o seu futuro. Faz-me falta ter-te como rede onde posso cair sempre que faço asneira. Faz-me falta a tua companhia e o som que fazias ao mover-te pela casa. Faz-me falta que me perguntes se não como mais, se não tenho sono, se não me dói a cabeça por estar a ler com a luz fraca... fazes-me falta, mãe... e já não tenho quem se preocupe comigo... E com um sorriso lembro o que diz um pequenino angustiado frente ao seu pai: "Eu não quero ser crescido!"... nem eu queria, nem eu...