Sabes o quanto tenho pensado em ti? Sabes o quanto me tem incomodado esta reunião familiar em que vou estar sem ti? Sabes que me parece que perdi o cordão umbilical que me unia a eles, os teus irmãos? Sabes que finjo ser tão grande e forte que impeço que me façam pequena e frágil? Sabes que quanto mais o tempo passa mais me apercebo de que tudo é irreversível e de quanto estou magoada com o destino? Sabes que sem ti aqui perdi grande parte do meu idealismo e que a forma como te perdi me fez perder o resto da ilusão do mesmo? Sabes que não estou a conseguir ser feliz? Sabes que a minha alegria passava por saber-te orgulhosa e que agora não tenho por que lutar? Sabes que fiquei sem vontade de ser a melhor? Sabes que penso todos os dias como fui privilegiada em ter-te a ti como mãe? Sabes que amo ainda mais a minha filha agora mas que sinto por ela uma pena infinita por não te ter a ti? Sabes que me angustia saber que sem mim ela não é ninguém e que, por ela, não posso morrer, ficar doente, enfraquecer, enlouquecer... descansar nem "deixar de ser", porque tu não estás aqui? Sabes o que me doi não poder ter um dia mais contigo para te dizer tudo o que não disse? Quem dera amar-te essas 24h de forma a que tivesses a certeza, minha mãe, que nunca te abandonei em pensamento, que a minha lealdade é eterna e que se o tempo voltasse atrás certamente permaneceria junto a ti as horas que te restavam viver, e continuaria a segurar-te a mão e a passar com os meus dedos pelo teu cabelo, beijando-te de tempos a tempos e olhando nos teus doces olhos castanhos. E então dizia-te: amo-te tanto, mãe! Vou ficar SEMPRE junto a ti, como tu estiveste SEMPRE junto a mim.
Perdoa-me, mãezinha! Eu não consegui prever...
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