Sonhei contigo... e foi como se nunca me tivesses aqui deixado. Esta noite sonhei contigo! Estiveste comigo, no escuro do quarto em horas de confusão entre insónia e sonho. Estiveste comigo e conversámos baixinho nas horas em que julguei estar acordada e afinal dormia. Sonhei que falaste com a tua voz de mãe, calma, serena e confiante. Falaste comigo como se nada tivesse acontecido, falaste com naturalidade e paz, conversámos sobre a Inês e como anda endiabrada. Falaste comigo como se nada fosse e respondi-te da mesma forma... e só de manhã me apercebi do extraordinário da nossa conversa... já que não tinhamos nenhuma há mais de um ano. Sonhei contigo, mãe, mas sonhei contigo tranquila, sem ansiedade nem estranheza, sonhei contigo como tu eras, a minha mãe.
De manhã tive de te ir visitar. Acho que precisava de deixar de pensar no sonho e constatar a realidade do pesadelo. Mantens-te lá debaixo daquelas malfadadas pedras, mantens-te inerte, não me respondes quando lá estou... não me respondes como no sonho... lá não ouço a tua voz. E então, não consigo deixar de pensar que estiveste comigo esta noite, não consigo. Só me apetece voltar a adormecer e esperar que venhas conversar comigo outra vez. Vens? E da próxima vez, por favor abraça-me! Não sabes as saudades que tenho do teu abraço... Ai, que saudades!
Este sonho foi um presente, o melhor que poderia ter tido hoje... faz hoje 4 anos que fui mãe e tu, avó. Faz hoje 4 anos que olhaste para a Inês, que deixei de ser "a menina", que mais uma vez me amaste e mo fizeste sentir com todo o calor que emanava do teu olhar e do teu toque... e já passaram quase 14 meses desde que o calor não voltou a mim... cada dia estou mais fria.
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4 comments:
Conta-nos um diálogo. Uma qualquer conversa que poderias ter hoje com a tua mãe.
Conta-nos de forma a que fique traduzido, nas teclas de onde escreveres, a memória do que era quem partiu.
Mais do que as saudades, há que alimentar a memória com a essência que ficará sempre contigo.
Não é um remédio santo... mas sabe bem vê-la a falar quando no fim a leres desde o início.
Eu estava lá e que vontade tive de te dar um abraço...o meu abraço e o outro abraço que era teu...eu estive sempre lá...estes foram dos abraços que mais dei...dei os meus, e pelos meus sentia passar os de tua mãe, deste-me os teus e arrastastados pelo teus seguiam os da Inês...e no meio de tanto peso, de tanto anda para cá chega pra lá, ainda nos conseguimos rir, repetidamente, no meio de toda aquela dor. Amo-te muito linda. Longe mas sempre presente. Sabes que podes sempre contar comigo, eu ando por aqui. Tenho saudades de saber de ti, de te ouvir contar inês...
A conversa agora duraria horas mas seriam horas de olhares, horas de sentir cheiros, horas de beijos, horas de sentir aquele calor que só ela me soube dar, horas de voltar a sentir-me pertencer... só pertencer... horas em que tudo poderia voltar a fazer sentido.
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